a Psicologia e a Psicanálise:
conhecer para suspeitar.
Article (PDF Available) · November
2013 with 89 Reads
1st Heliane Silva
3.22 · Universidade Bandeirante de
São Paulo (UNIBAN)
Abstract
Este trabalho localiza o quadro atual da
Síndrome de Munchausen por procuração (SMP) no Brasil e em outros paises e
chama a atenção dos profissionais de saúde, sobretudo de psicólogos e
psicanalistas, para a existência deste quadro pouco conhecido. Objetiva
identificar a contribuição destes profissionais na identificação da SMP e no
tratamento dos envolvidos, por meio de uma revisão sistemática da literatura
nacional e internacional, nas bases SciELO, LILACS, PUBMED, Redalyc, PePSIC e
Periódicos CAPES, privilegiando textos de 1982 até 2012. A revisão indica que a
discussão da Psicologia e da Psicanálise contempla a identidade da mãe como
quem necessita desta relação para se reconhecer como tal, às resistências dela
na adesão ao tratamento e, sobretudo, toca nas questões existentes na relação
mãe-filho. Os poucos trabalhos a respeito da SMP, sobretudo no Brasil, sugerem
a necessidade de um conhecimento maior por parte destes profissionais.
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15, 2014
Síndrome de Munchausen por procuração, a
Psicologia e a Psicanálise: conhecer para
suspeitar
Heliane Maria Silva y Léia Priszkulnik
Autor referente: hms@usp.br
Departamento de Psicologia Clínica, Instituto
de Psicologia da USP
Historia editorial
Recibido: 23/01/2013
Aceptado: 05/08/2013
RESUMO
Este trabalho localiza o quadro atual da
Síndrome
de Munchausen por
procuração
(SMP) no Brasil
e em
outros paises e chama a atenção
dos
profissionais
de saúde, sobretudo
de
psicólogos
e psicanalistas, para a
existência
deste quadro pouco
conhecido.
Objetiva identificar a
contribuição
destes profissionais na
identificação
da SMP e no tratamento
dos
envolvidos, por meio
de uma
revisão
sistemática da literatura
nacional
e internacional, nas
bases
SciELO,
LILACS, PUBMED, Redalyc,
PePSIC
e Periódicos CAPES,
privilegiando textos de 1982 até 2012.
A
revisão indica que
a discussão da
Psicologia e da
Psicanálise contempla
a
identidade da mãe
como quem
necessita
desta relação para
se
reconhecer
como tal, às
resistências
dela
na adesão ao
tratamento e,
sobretudo,
toca nas questões
existentes
na relação mãe-filho.
Os
poucos
trabalhos a respeito
da SMP,
sobretudo
no Brasil, sugerem
a
necessidade
de um conhecimento
maior por parte destes profissionais.
Palvras-chave:
Síndrome
de Munchausen por procuração; Psicologia; Psicologia
hospitalar;
Psicanálise.
ABSTRACT
This study situates the actual picture of
the
Münchausen syndrome by
proxy
(MSbP) in Brazil and in other countries
and draws the
attention of the health
professionals, mainly psychologists and
psychoanalysts, to the existence of this
rather
unknown condition. One
of its
purposes is to point out the contribution
of
these professionals in the
identification
of MSbP and
in the
treatment of those involved, through a
thorough
review of the
national and
international
literature, considering the
bases
of SciELO, LILACS,
PUBMED,
Redalyc, PePSIC and CAPES journals,
mostly
texts from 1982 to
2012. The
review
indicates that the
debate of
Psychology
and Psychoanalysis
contemplates
the mother’s identity
as
who
needs this relationship
to be
recognized
as such, her resistance to
treatment, and above all, points out the
existing
issues in the
mother-child
relationship. The few studies on MSbP,
mainly
in Brazil, suggest a need of a
better
knowledge from these
professionals.
Key Words: Münchausen syndrome by proxy;
Psychology; Hospital psychology;
Psychoanalysis.
O presente
trabalho localiza, por meio
de uma revisão
bibliográfica, o
atual
quadro de uma
forma incomum, mas
potencialmente fatal, de
abuso infantil: a Síndrome de Munchausen por
Procuração (SMP). Ao mesmo
tempo chama a atenção dos profissionais de
saúde, sobretudo dos psicólogos
e
psicanalistas, atuantes em
instituições de saúde
para a existência deste
quadro pouco conhecido e pouco diagnosticado.
Nessa
síndrome um dos
pais, geralmente a
mãe, simula a
existência ou
provoca
sintomas ou sinais
na criança e, repetidamente, a
apresenta para
cuidados médicos, renunciando a qualquer
conhecimento sobre a causa dos
sintomas (Fujiwara, Okuyama, Kasahara, &
Nakamura, 2008).
Descrita
pela primeira vez
em 1977 por
Roy Meadow, um
nefrologista
pediátrico
britânico, ao se
deparar com duas
crianças: uma havia
sofrido
intoxicação
por repetidas doses
de sal, ministradas
por sua mãe
e que a
levaram a óbito; e outra que foi submetida a
inúmeros procedimentos médicos
para investigação de uma doença renal fictícia,
criada pela mãe, que fornecia
histórias falsas e adulterava as amostras de
urina da criança, adicionando seu
próprio sangue a elas (Squires & Squires Jr, 2010).
Meadow recorreu a um quadro descrito
primeiramente em adultos. Em 1951,
Richard Asher, um psiquiatra britânico,
introduziu a denominação síndrome de
Munchausen
para definir um
grupo de pacientes
que fabricavam histórias
clínicas
com falsos sintomas
e absurdas evidências
sobre enfermidades,
submetiam-se
a múltiplas investigações
médicas, operações e
tratamentos
desnecessários, mesmo correndo risco de morte
(Stirling, 2007; Bütz, Evans &
Webber-Dereszynski, 2009). A Síndrome de
Munchausen teve sua nomeação
inspirada
nos antecedentes históricos
de Karl Friedrich
Hieronymus von
Munchausen
(1720-1797), militar que
lutou na guerra
contra os turcos
e
fabricava
exageradas histórias sobre
o período em
que serviu às
forças
armadas russas (Cely, Rátiva & Bayona,
2003; Garrote et al., 2008).
Nesse
estudo, no entanto,
trabalharemos com a
versão da síndrome
por
procuração que tem a criança como vítima do
perpetrador, ou seja, aquela em
que
um cuidador fabrica
ou induz doenças
na criança que
está sob seus
cuidados,
tal qual sua
concepção original (Meadow,
1977). Assim, nosso
recorte se restringirá à SMP e a alta
complexidade envolvida nesta entidade,
representada por uma relação triangular, ainda
pouco explorada, entre a mãe,
a criança e o médico.
Existem na literatura especializada mais de 700
casos relatados por 52 países,
no
entanto, estes refletem
apenas os casos
mais graves da síndrome em
questão (Abdulhamid & Siegel, 2008). Nesse
estudo os autores não explicitam
quais
foram os países pesquisados nem apresentam outras especificidades
referentes
aos 700 casos
destacados. Dentre estes
casos, destaca-se o
relatado por
Klepper, Heringhaus, Wurthmann, e Voit (2008), que descrevem o
atendimento de
uma criança que teve oito internações em
quatro diferentes
hospitais e passou 44 dias no hospital nos
primeiros seis meses de sua vida
com vômitos, insuficiência de crescimento,
diarréia sanguinolenta, suspeita de
doença cardíaca congênita e evento
agudo com risco de morte, até que na
sétima
internação levantou-se a
suspeita de SMP,
sendo esta confirmada
quando a criança registrava sua oitava
internação.
Em mais de 90% dos casos de SMP o perpetrador é
a mãe da criança (Saad,
2010) e as condições induzidas e simuladas mais
comuns incluem persistentes
vômitos
ou diarreia, dor abdominal, envenenamentos recorrentes,
perda de
peso,
parada respiratória, asma,
disfunção do sistema
nervoso central
(convulsões,
falta de coordenação, perda da consciência), apneia,
infecção,
febre,
déficit de crescimento,
hipoglicemia, distúrbios eletrolíticos, erupção
cutânea
e hemorragia induzida
(Abdulhamid & Siegel,
2008; American
Psychiatric Association, 2000; Clin, et al.
2009).
Nessa forma peculiar de maus tratos, a mãe se
utiliza de uma terceira pessoa,
o
médico que, ao
assumir uma conduta
investigativa, em busca
de um
diagnóstico
para sinais e
sintomas que não
se encaixam em
nenhuma
classificação nosológica, contribui com a
progressão do abuso, pois geralmente
submete a criança a procedimentos dolorosos,
invasivos e desnecessários que
podem causar sérias iatrogenias e até mesmo a
morte (Eminson & Jureidini,
2003).
De
acordo com Byard
(2009, p. 100)
“a dificuldade da
equipe médica em
reconhecer este tipo de abuso tem levado à
participação ativa dos médicos no
processo e perpetuação da situação”,
contrariando o juramento Hipocrático.
De
acordo com Sugandhan
et al., (2010),
nos EUA a
violência infantil é
considerada como uma crise de saúde pública e
as taxas estão cada vez mais
em ascensão. No ano de 2004, quase 3 milhões de casos de abuso infantil
foram investigados e estima-se que três
crianças morrem a cada dia. Já na
Índia, em um estudo realizado em 2007,
avaliando o abuso de crianças, 69%
da população pesquisada revelaram a prática do
abuso físico em uma ou mais
situações.
No
Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde (2002, p. 10),
“a violência
intrafamiliar e institucional sempre afetou a saúde e a qualidade de vida
de
milhares de crianças e jovens”, e os mais
recentes índices revelam que 25%
das mortes nas idades de 1 a 9 anos, são
consequência da violência e dos
acidentes
que juntos constituem
a segunda causa
de óbitos no
quadro da
mortalidade geral brasileira. Esta mesma violência configura-se como causa
primeira entre todas as mortes ocorridas nas
idades de 5 a 19 anos. De acordo
com a Secretaria de Assistência a Saúde
(Ministério da Saúde, 2002, p. 5),
“lamentavelmente cresce o número de crianças e
adolescentes que chegam à
rede pública de saúde e às clínicas
particulares como vítimas de maus-tratos,
de abusos físicos, sexuais e psicológicos”.
Para alguns autores, a prevalência da SMP é
mais comum do que o estimado,
isto
devido a sua
subnotificação e o
desconhecimento por parte
dos
profissionais
de saúde que,
muitas vezes, só
a reconhecem depois
que a
criança já
sofreu muito (Davis, 2009; Squires & Squires Jr, 2010;
Heuzey,
2010;
Landgraf et al.,
2010; Annequin, 2010;
Sugandhan et al.,
2010). De
acordo
com Meadow (2002)
e Jacobi, Dettmeyer,
Banaschak, Brosig &
Herrmann (2010) a partir dos estudos sobre
a SMP, foi possível reconhecer
que muito do que foi diagnosticado como
Síndrome da Morte Súbita Infantil na
verdade
eram casos de crianças que foram
repetidamente sufocadas pelos
próprios pais.
O
Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos
Mentais, quarta edição
(DSM-IV, 2000), refere-se a SMP como ‘Transtorno Factício por Procuração’
(TFP). Nos EUA, além do termo TFP, geralmente
empregado por psiquiatras
referindo-se ao agressor, há também a
terminologia ‘Falsificação da Condição
Pediátrica’ utilizada por pediatras e
relacionada ao abuso infantil. No Reino
Unido o termo SMP foi alterado para ‘Doença
Fabricada ou Induzida’ (Davis,
2009; Bass & Jones, 2009; Noeker, Mußhoff,
Franke & Madea, 2010) e apesar
das variações na terminologia, a problemática
característica da síndrome é a
mesma.
Uma característica singular da SMP e que
dificulta sua identificação é a postura
e conduta
da mãe agressora. Enquanto que
em outras situações de maus-
tratos uma anamnese completa revelaria
distorções e equívocos no discurso do
agressor, na SMP este discurso parece ser
apresentado sem furos e acima de
qualquer suspeita, e tão logo as suspeitas se
iniciam, a mãe agressora muda
de
hospital para dar
início a novas
queixas e procedimentos
médicos
desnecessários.
Trata-se de uma
característica do agressor
que exige do
profissional uma escuta atenta e
diferenciada.
Cada vez mais inseridos nas instituições de
saúde, o psicólogo e o psicanalista
que
trabalham nas equipes
multi e interdisciplinares são
cada vez mais
solicitados e convocados a fornecer pareceres e
intervirem nas diversas formas
do
adoecer. Munidos de
conceitos e teorias
acerca do comportamento
e
motivações
humanas, estes profissionais
podem contribuir na
identificação
dessa síndrome e no tratamento dos envolvidos,
seja a mãe abusadora ou o
filho abusado.
REVISÂO DA LITERATURA
Buscando
identificar o parecer
e as contribuições
destes profissionais na
identificação da SMP e no tratamento dos
envolvidos, realizamos uma revisão
sistemática
da literatura nacional
e internacional, privilegiando
os textos de
1982 até
2012, nas bases SciELO,
LILACS, PUBMED, Redalyc,
PePSIC e
Periódicos CAPES, usando como palavras-chaves:
síndrome de Munchausen
por procuração; violência doméstica contra
crianças; abuso infantil.
Foram localizados 161 artigos sobre a SMP.
Destes 75% (120) são produções
de
língua inglesa, 14%
(23) são produções
feitas no Brasil,
5% (8) são
produções de origem francesa, os demais 4% (6)
e 2% (4) são produções em
língua espanhola e alemã respectivamente.
Nesses trabalhos há uma extensa
descrição
das principais práticas do perpetrador, uma expressiva discussão
sobre as diversas nomeações descritas nos
manuais diagnósticos e algumas
indicações
sobre os procedimentos
que devem ser
adotados pela equipe
médica mediante as suspeitas da síndrome.
Há nesses trabalhos alguns relatos
autobiográficos da experiência como vítima
da SMP, e destes destaca-se como o mais
completo e inquietante o de Julie
Gregory.
Em sua obra
intitulada como “Eu
não sou doente:
a verdadeira
história de uma vítima da síndrome de
Munchausen por procuração”, Gregory
(2004) compartilha a vivência com a síndrome em
foro íntimo, configurando-se
num
rico relato e
fonte de reflexões
acerca desse quadro
ainda pouco
conhecido. A autora destaca que rotineiramente
sua mãe levantava uma série
de informações médicas e, em seguida, a
conduzia para hospitais. No percurso
a precavia, de forma ameaçadora, da necessidade
de parecer doente e ela, por
sua vez, sucumbia à demanda materna na
tentativa de não perder seu amor,
considerado como indispensável para sua
sobrevivência. Conforme relato da
autora, durante toda sua infância e
adolescência, sua mãe exerceu sob ela um
poder sustentado pela culpa e pelo medo da
perda do amor materno
Sobre a condição materna que induz, fabrica e
simula sintomas no filho, Fraser
(2008)
descreveu que para
a mãe, perpetradora
da SMP, ter uma
criança
doente assegurava a ela o papel de mãe ideal e
a recuperação da criança,
portanto, indicava a perda deste papel como
lugar de identidade, convocando-a
a
revisitar a perda
original da própria
mãe. Nesta perspectiva,
segundo a
autora,
o tratamento tocaria
no sentido de
inadequação, bem como
nas
necessidades e conflitos não resolvidos desta
mãe em relação a sua própria
mãe. A
autora ainda destacou os ganhos
secundários, não só da mãe que
fabricava os sintomas na criança como da
família como um todo, apontando
para
a possibilidade desta
família sentir-se especial,
merecedora de
reconhecimento
e, com os
rótulos ou deficiências
presentes na criança,
proverem ganhos concretos com o acesso a outros
sistemas e recursos.
Gueller
(2009, p. 280-281), sobre
o benefício secundário do
sintoma – ser
indiretamente objeto de cuidados – apontado
pela psiquiatria como explicação
para
a motivação da
mãe, destaca a
necessidade de “aprofundar
o
questionamento
sobre o gozo
masoquista, que seria
a satisfação primária
obtida
pela mãe”. A
autora ressalta ainda
que na SMP
“a mãe faz
uma
demanda dupla ao médico: há um pedido de
atenção transferido dela para o
filho e um pedido de nomeação do que se passa
com o filho”. Neste último, a
autora
acredita que há
uma falha em
virtude das falsas
pistas que não
permitem chegar ao diagnóstico.
Barbosa e Pegoraro (2008, p. 78) ressaltaram a
importância do profissional de
saúde,
mais especificamente do
psicólogo hospitalar, “na
conquista de um
olhar diferenciado para a díade,
o que significa que o psicólogo
deve estar
atento para todas as faces e nuances que a
relação mãe/filho pode assumir”,
desta
maneira, segundo as
autoras, o psicólogo
poderá contribuir na
reconstrução
dessa relação que
“como toda relação
social, envolve
sentimentos ambíguos e é dependente de
constante investimento”.
Em relação ao uso de testes psicológicos para
avaliação da mãe portadora da
SMP, encontramos o trabalho de Maida, Molina & Carrasco (1999, p. 6)
que,
ao utilizarem o Rorschach, constataram uma
“dificuldade da mãe no manejo e
controle dos seus impulsos agressivos, bem como
uma tendência consciente à
mentira
e simulação, e
a perda dos
limites de tempo
e espaço quando
submetida a condições de estresse”. Já em relação
ao tratamento psicológico,
Fensterseifer & Braga (2003, p. 191) ressaltaram as resistências da mãe na
adesão ao tratamento, esclarecendo que este “objetiva resgatar
as relações
vinculares primordiais desta mãe”.
Contudo, se faz necesário ressaltar que, a
maior parte dos trabalhos acerca
desta
problemática são desenvolvidos
por pediatras e psiquiatras
havendo,
portanto,
quase uma inexistência
de trabalhos psicológicos
e psicanalíticos
acerca do tema, sobretudo nas fontes e bases
nacionais (brasileiras), o que
corrobora
com os trabalhos de Fensterseifer &
Braga (2003) e Bütz et
al.,
(2009)
que também apontaram para a falta de
publicação por parte destes
profissionais acerca dessa problemática. O
número limitado de estudos acerca
da síndrome no campo da Psicologia e da
Psicanálise sugere que falar/tratar
deste tema, embora necessário, não é tarefa
fácil para ninguém e aponta para
um
possível pouco conhecimento,
ou até desconhecimento, destes
profissionais acerca da existência da SMP.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pensar
sobre o tema,
refletir acerca da
constituição da subjetividade
dos
envolvidos nela, discutir a seu respeito nos
hospitais e quem sabe nos meios
acadêmicos
pode auxiliar no
reconhecimento do quadro.
Para Bütz et
al.,
(2009,
p. 2) à
SMP falta “precisão
diagnóstica, pesquisas controladas
e
entendimento
dentro da comunidade
de saúde”. Para
estes autores, os
profissionais que auxiliam neste diagnóstico
podem fazer um grave des-serviço
para
os tribunais, crianças,
pais e profissionais
de saúde se
eles não
reconhecem a SMP e suas consequências.
Entretanto,
conhecer o quadro pode
ser uma das primeiras
iniciativas para
detecção e prevenção deste tipo de abuso
infantil, pois não há como suspeitar,
sem antes conhecer. A falta de cogitação por
parte dos profissionais de saúde
pode
proporcionar ao agressor,
neste caso uma
mãe comprometida por
questões psicopatológicas, um campo de atuação
vasto e ilimitado, e à criança
restará um espaço de sofrimento e contradição
no qual aquele que se dispõe e
se compromete a tratar, também, ‘violenta’ e
‘faz’ adoecer.
Diante
do número limitado
de estudos acerca
da síndrome no campo da
Psicologia e da Psicanálise, enfocar este tema
nas investigações psicológicas
e
psicanalíticas, surge como
uma proposta e
um desafio para
esses
profissionais, principalmente os que trabalham
na saúde pública.
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